Radicais islâmicos culpam cristãos por queda de Mursi no Egito

17/07/2013 09:52

Casas foram incendiadas e homens foram assassinados por extremistas

CAIRO - A derrubada do presidente Mohamed Morsi por parte dos militares desencadeou uma nova onda de violência de extremistas muçulmanos, que culpam os cristãos por terem apoiado as manifestações que levaram ao golpe do primeiro líder eleito islâmico no Egito. Os ataques têm atingido todo o país: na Península do Sinai, em uma cidade turística na costa do Mediterrâneo, ao longo do Canal de Suez e em vilarejos isolados.

De acordo com ativistas de direitos humanos, além da morte de padre a tiros na rua, os islamistas têm marcado com um X as lojas de cristãos - que depois são incendiadas - atacado igrejas e sitiado moradores em suas próprias casas. Pelo menos quatro cristãos foram mortos a facadas em uma aldeia na semana passada.

As tensões entre a minoria cristã e extremistas da maioria muçulmana não são novas, mas muitos acreditam que raiva entre islamitas têm a ver com a derrubada de Mursi, no dia 3 de julho. A retirada da Irmandade Muçulmana do poder teria causado o recente aumento da violência religiosa.

Muitos cristãos estavam preocupados com as vitórias dos islamitas nas eleições após a revolução de 2011, que derrubou o antecessor de Mursi, o ditador Hosni Mubarak. E embora não representem a maioria dos que estiveram nos protestos anti-Mursi, participaram ativamente da campanha para a derrubada do presidente islâmico.

- Eles acham que os cristãos desempenharam um grande papel nos protestos e na intervenção do exército para derrubada de Mursi, e estão se vingando por isso - disse Ishaq Ibrahim, que documentou a violência para a Iniciativa Egípcia do Cairo para os Direitos Pessoais, ou EIPR .

Muitos líderes islâmicos culpam cristãos e remanescentes da era Mubarak pelos protestos massivos contra Mursi, que começaram no dia 30 de junho, quando o então presidente completava um ano de mandato.

Em alguns lugares, cristãos foram ameaçados para não participar de protestos contra Mursi. Panfletos distribuídos na província de Minya, documentados pela EIPR, alertavam que um litro de gasolina pode incendiar seus ouro, madeira, encanamento, trator, loja de carpintaria, ônibus, carros, casas, igrejas, escolas, campos de agricultura e oficinas. O texto era assinado por pessoas que se preocupam com o país.

Depois da derrubada de Mursi, grupos islamistas no vilarejo Dagala vandalizaram uma igreja e cercaram casas de cristãos, quebrando janelas com pedras e tacos, diz a EIPR. Em um dos casos, um cristão foi morto por um tiro disparado de homem em seu telhado. Sua mulher foi arrastada para fora de casa, espancada e também levou um tiro. Ela se encontra hospitalizada, afirma a EIPR.

A polícia chegou um dia depois do ocorrido e não fez nada, disse Ibrahim. Pessoas impediram bombeiros de se aproximar para que eles não ajudassem.

No vilarejo de Naga Hassan, próximo a Luxor, grupos de islâmicos invadiram e colocaram fogo em residências, enquanto outros cristãos permaneciam sitiados dentro de suas casas. Forças de segurança chegaram para retirar mulheres do local, mas deixaram homens, que foram depois esfaqueados e espancados até a morte, conta Ibrahim. Um deles, Emile Nessim, era um organizador local de movimentos e abaixo-assinados contra Mursi. Dezenas de casas foram incendiadas nos ataques de Naga Hassan, e a maior parte dos cristãos fugiu do local. Acredita-se que alguns ainda permaneçam escondidos em uma igreja da região.

 

Fonte: Rua Judaica

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